Agostinho Neto, nascido em 1922 na província angolana do Bengo, foi um homem multifacetado que desempenhou um papel fundamental na história do seu país. Poeta, revolucionário, médico e primeiro presidente de Angola, deixou uma marca indelével na luta pela independência, no pan-africanismo e na relação com a União Soviética.
Formado em medicina em Portugal, Neto envolveu-se no movimento nacionalista angolano. Foi um dos fundadores do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) e liderou a luta armada pela independência. Após a libertação de Angola do domínio colonial português em 1975, Neto tornou-se o primeiro presidente do país.
Sob a liderança de Neto, Angola buscou a unidade e estabeleceu fortes laços com a União Soviética. O líder firmou acordos de cooperação em diversas áreas, incluindo militar e econômica. O apoio soviético foi vital para Angola, pois enfrentava ataques de guerrilheiros apoiados pelos Estados Unidos.
Relações com a União Soviética
Neto estabeleceu uma estreita relação pessoal com o líder soviético Leonid Brejnev. Em 1976, visitou Moscou e assinou o Tratado de Amizade e Cooperação, que estabeleceu as bases para uma parceria estratégica de longo prazo entre os dois países.
A União Soviética forneceu a Angola significativa assistência militar, incluindo tanques, aviões e assessores. Estas armas foram cruciais para a vitória do MPLA na guerra civil angolana contra os guerrilheiros apoiados pelos EUA e pela África do Sul.
Além da ajuda militar, a União Soviética também prestou a Angola considerável ajuda econômica. Engenheiros e especialistas soviéticos ajudaram na construção de estradas, hospitais e escolas em todo o país.
• Em 1976, a União Soviética construiu uma refinaria de petróleo em Cabinda, que se tornou uma das maiores da África.
• Em 1978, geólogos soviéticos ajudaram a descobrir uma grande mina de diamantes na província da Lunda Norte.
• Em 1979, especialistas soviéticos ajudaram a construir uma ferrovia de 1340 quilômetros ligando o porto do Lobito à cidade do Luau.
As relações de Neto com a União Soviética não eram apenas estratégicas, mas também ideológicas. Neto era um marxista-leninista convicto e via a União Soviética como um modelo para a construção de uma sociedade socialista em Angola.
Além da política, Neto escrevia poesia, que refletia sua paixão por liberdade, justiça e unidade africana. Suas coleções de poemas, como "Sagrada Esperança" e "Canções do Exílio", foram amplamente reconhecidas.
Os esforços de Neto para fortalecer as relações com a União Soviética e desenvolver o pan-africanismo foram fundamentais para a política externa de Angola. Ele desempenhou um papel de liderança na criação da Organização da Unidade Africana e foi um membro ativo do Movimento dos Não Alinhados.
O legado de Neto como líder político, poeta e estadista permanece vivo até hoje. Sua contribuição para a luta pela independência de Angola, as relações com a União Soviética e a unidade africana continuam inspirando e influenciando gerações de africanos. Agostinho Neto permanecerá para sempre um símbolo de liderança, revolução e paixão que guiaram sua vida e moldaram o destino de sua nação.